terça-feira, 26 de agosto de 2008

Monocultura da cana-de-açúcar deve ser combatida

Quando falamos de História Colonial Brasileira devemos destacar o período compreendido entre a posse do território e os trinta primeiros anos de exploração litorânea desenfreada e que culminou com a rapinagem do pau – Brasil, praticamente extinto da costa brasileira. A colonização e povoamento das novas terrasse deram frente à ameaça de invasão por outros países colonizadores. Foram criados os primeiros latifúndios – as capitanias hereditárias,que resultaram em fracasso, haja vista que apenas duas atingiram seu objetivo. Conjuntamente com a criação das capitanias hereditárias foi introduzida na colônia à cultura canavieira e a roldão adveio o flagelo da escravidão. Mão – de – obra barata e fonte de lucros significativos, à escravidão de negros, oriundos de colônias portuguesas no continente africano, atenderam a necessidade de braços que a cultura açucareira tanto necessitava. É desta forma que nasce a sociedade colonial brasileira, ou seja, escravocrata, burocrática, centralizadora, latifundiária e patriarcalista, características ainda fortemente presentes na atualidade.
Palavras – chave: Colônia; Escravidão; Açucareira.

Brasil Colônia
O sistema colonial é o conjunto de relações entre as metrópoles e suas respectivas colônias em uma determinada época histórica. O sistema colonial que nos interessa abrangeu o período entre o século XVI e o século XVII, ou seja, faz parte do Antigo Regime da época moderna e é conhecido como antigo sistema colonial.
Segundo o seu modelo teórico típico, a colônia deveria ser um local de consumo (mercado) para os produtos metropolitanos, de fornecimento de artigos para a metrópole e de ocupação para os trabalhadores da metrópole. Em outras palavras, dentro da lógica do “Sistema Colonial Mercantilista” tradicional, a colônia existia para desenvolver a metrópole, principalmente através do acúmulo de riquezas, seja através do extrativismo ou de práticas agrícolas mais ou menos sofisticadas. Uma Colônia de Exploração, como foi o caso do Brasil para Portugal, tem basicamente três características, conhecidas pelo termo técnico de “plantation”:
_ Latifúndio: as terras são distribuídas em grandes propriedades rurais
_ Monocultura voltada ao mercado exterior: há um “produto-rei” em torno do qual toda a produção da colônia se concentra (no caso brasileiro, ora é o açúcar, ora a borracha, ora o café...) para a exportação e enriquecimento da metrópole, em detrimento da produção para o consumo ou o mercado interno.
_ Mão-de-obra escrava: o negro africano era trazido sobre o mar entre cadeias e, além de ser mercadoria cara, era uma mercadoria que gerava riqueza com o seu trabalho...

ESCRAVIDÃO NO BRASIL
No Brasil, a escravidão teve início com a produção de açúcar na primeira metade do século XVI. Os portugueses traziam os negros africanos de suas colônias na África para utilizar como mão-de-obra escrava nos engenhos de açúcar do Nordeste. Os comerciantes de escravos portugueses vendiam os africanos como se fossem mercadorias aqui no Brasil. Os mais saudáveis chegavam a valer o dobro daqueles mais fracos ou velhos.
O transporte era feito da África para o Brasil nos porões do navios negreiros. Amontoados, em condições desumanas, muitos morriam antes de chegar ao Brasil, sendo que os corpos eram lançados ao mar.
Nas fazendas de açúcar ou nas minas de ouro (a partir do século XVIII), os escravos eram tratados da pior forma possível. Trabalhavam muito (de sol a sol), recebendo apenas trapos de roupa e uma alimentação de péssima qualidade. Passavam as noites nas senzalas (galpões escuros, úmidos e com pouca higiene) acorrentados para evitar fugas. Eram constantemente castigados fisicamente, sendo que o açoite era a punição mais comum no
Brasil Colônia.
Eram proibidos de praticar sua religião de origem africana ou de realizar suas festas e rituais africanos. Tinham que seguir a religião católica, imposta pelos senhores de engenho, adotar a língua portuguesa na comunicação. Mesmo com todas as imposições e restrições, não deixaram a cultura africana se apagar. Escondidos, realizavam seus rituais, praticavam suas festas, mantiveram suas representações artísticas e até desenvolveram uma forma de luta: a capoeira.
As mulheres negras também sofreram muito com a escravidão, embora os senhores de engenho utilizassem esta mão-de-obra, principalmente, para trabalhos domésticos. Cozinheiras, arrumadeiras e até mesmo amas de leite foram comuns naqueles tempos da colônia.
No Século do Ouro (XVIII) alguns escravos conseguiam comprar sua liberdade após adquirirem a carta de alforria. Juntando alguns "trocados" durante toda a vida, conseguiam tornar-se livres. Porém, as poucas oportunidades e o preconceito da sociedades acabavam fechando as portas para estas pessoas.
O negro também reagiu à escravidão, buscando uma vida digna. Foram comuns as revoltas nas fazendas em que grupos de escravos fugiam, formando nas florestas os famosos quilombos. Estes, eram comunidades bem organizadas, onde os integrantes viviam em liberdade, através de uma organização comunitária aos moldes do que existia na África. Nos quilombos, podiam praticar sua cultura, falar sua língua e exercer seus rituais religiosos. O mais famoso foi o Quilombo de Palmares, comandado por Zumbi.
Campanha Abolicionista e a
Abolição da Escravatura
A partir da metade do século XIX a escravidão no Brasil passou a ser contestada pela Inglaterra. Interessada em ampliar seu mercado consumidor no Brasil e no mundo, o Parlamento Inglês aprovou a Lei Bill Aberdeen (1845), que proibia o tráfico de escravos, dando o poder aos ingleses de abordarem e aprisionarem navios de países que faziam esta prática.
Em 1850, o Brasil cedeu às pressões inglesas e aprovou a Lei Eusébio de Queiróz que acabou com o tráfico negreiro. Em 28 de setembro de 1871 era aprovada a Lei do Ventre Livre que dava liberdade aos filhos de escravos nascidos a partir daquela data. E no ano de 1885 era promulgada a Lei dos Sexagenários que garantia liberdade aos escravos com mais de 60 anos de idade.
Somente no final do século XIX é que a escravidão foi mundialmente proibida. Aqui no Brasil, sua abolição se deu em 13 de maio de 1888 com a promulgação da Lei Áurea, feita pela Princesa Isabel.

LATIFUNDIO NO BRASIL

Dada a ineficiência em combater a rapinagem e assegurar a posse na sua maior colônia através de simples expedições marítimas, Portugal decidiu lançar – a 20 de novembro de 1530, através de três cartas régias pelas quais a Metrópole conferia amplos poderes a Martin Afonso de Souza – as bases de uma nova política econômica a ser desenvolvida no Brasil, calcada na institui- ção da sesmaria, a primeira forma assumida pelo latifúndio brasileiro. Para impedir o surgimento de uma classe com interesses distintos dos anseios metropolitanos, atrelar o desenvolvimento da colônia ao atendimento do mercado mundial e coibir a existência de um mercado interno que viabilizasse a acumulação de capital, Portugal interveio no desenvolvimento natural da economia brasileira, impedindo que seu comércio interno incorporasse a característica essencial do modo-de-produção capitalismo: a existência do lucro sobre o produto permutado. Como reflexo dos obstáculos impostos ao florescimento brasileiro, a sociedade colonial ganhou uma forma tipicamente nobiliárquica [2]. Essa estrutura de desenvolvimento, a qual se assemelha muito ao feudalismo, dará ao senhorio colonial um imenso poder extra-econômico. Tudo isso dará um caráter tipicamente pré-capitalista aos primeiros séculos da economia brasileira. Em síntese, antes de começar a análise crítica do desenvolvimento brasileiro é interessante refutar a teoria do capitalismo colonial, exposta por inúmeros autores que, através de uma visão reacionária tentam consolidar na mentalidade popular a idéia de um capitalismo inerente ao desenvolvimento do Brasil. Tal proposição, se admitida como verdadeira, daria à economia do país um caráter evolucionista, o qual excluiria qualquer necessidade de se implementarem reformas de bases no país.

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